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AZEITE DE RIO DE CONTAS É PREMIADO COM MEDALHA DE OURO EM PARÍS

O azeite Rio de Contas, Bahia, conquistou medalha de ouro durante o Bests of the Southern Hemisphere (Melhores do hemisfério sul). O evento, realizado em París, na França, reuniu participantes de três continentes, América, África e Oceania, e premiou os melhores blends e monovarietais.

Fomentado de azeitonas plantadas no Nordeste do Brasil, esse azeite teve a primeira extração realizada no último mês de fevereiro no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé, no Sul de Minas.

Para a produção dos 280 litros de azeite foi necessária uma viagem de cerca de 20 horas em caminhão frigorífico, entre o munícipio baiano de Rio de Contas e o Sul de Minas Gerais. Todos os esforços foram feitos para garantir a integridade e as características das azeitonas da variedade Arbequina, evitando a oxidação e a fermentação.

“Quando armazenamos as azeitonas em temperaturas entre 4° e 6°C, conseguimos interferir no processo respiratório e amenizar os efeitos que poderão impactar na qualidade do produto final”, explica o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira, acrescentando que as azeitonas são frutos climatéricos, que continuam a respirar após a colheita, e que, por isso a extração deve ser feita de imediato.

O empresário Christophe Chinchilla conta que o cultivo de oliveiras na região da Chapada Diamantina começou há 15 anos por iniciativa de seu pai. Natural do sul da França, região de Provence, Didier Chinchilla encontrou em Rio de Contas condição edafoclimática similar a de sua terra natal, famosa pela produção de azeites. A primeira colheita ocorreu em 2018, mas não houve produção de azeite. Três anos depois, e após algumas correções agronômicas, a nova produção resultou no azeite premiado.

“Logo na primeira extração de azeite da história da Bahia, tivemos esse resultado tão grande que uma medalha de ouro em Paris. Acho que tem um fator de competência, a gente seguiu as orientações, da Epamig e de outros centros de pesquisa, para a colheita e a conservação das azeitonas, que viajaram 1 mil quilômetros até Maria da Fé. Mas o principal fator para essa qualidade, na opinião, foi o terroir da Chapada, que é muito diferenciado. Em Rio de Contas e região, temos cafés com pontuações altíssimas e frutas, como ponkan e manga de qualidade, que atraem compradores de diversas regiões. Tudo isso influenciado pelas características da terra, do clima, da água, da biodiversidade, do sol, da geografia. É uma região da Bahia que é muito especial”, afirma.

Christophe avalia que é necessário saber mais sobre o processo, uma vez que a produção ainda é incipiente.

“Nossa recomendação continua sendo de muita cautela. As oliveiras que deram frutos na última safra, não deram flores agora, o que indica que não vão produzir no próximo ano. Temos 100% de convicção de que a Chapada Diamantina é um bom terroir para produzir azeitonas, mas não sabemos o que fazer para dar certo todos os anos. Temos muitas questões a ser respondidas: Será que nesse ano faltou frio? Será que precisa de uma altitude maior? Será que condição de solo precisa ser melhorada? Será que é o manejo? Ainda estamos em fase de testes. Em quatro anos tivemos duas safras. Por isso deixamos esse alerta aos agricultores da região que querem investir, isso é um experimento e o retorno em renda pode demorar”.

Fonte: l12 / FOTO: Gabriela Campos Azevedo

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