Pesquisa da Uesb aponta musicoterapia como eficaz para pacientes com Parkinson
Tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita são os principais sintomas da Doença de Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais recorrente no mundo. Mas você já imaginou que a música pode servir como terapia para pacientes que possuem essa patologia?
Uma pesquisa desenvolvida no curso de Medicina da Uesb, campus de Vitória da Conquista, apontou a musicoterapia como potencial estratégia terapêutica no cuidado da Doença de Parkinson. Segundo Luzia Chaves, pesquisadora a frente do estudo, a técnica se mostrou eficiente como terapia complementar, “com resultados positivos no manejo dos sinais e sintomas motores e não motores, além da melhora na qualidade de vida dos pacientes, sendo eficaz o uso de diversos métodos, em contextos de simples e dupla tarefa”, aponta.
Resultados promissores – Com diagnóstico feito com base na história clínica do paciente, a Doença de Parkinson consiste na degeneração das células presentes em uma região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem dopamina, hormônio responsável por conduzir as correntes nervosas do nosso corpo. Quando há uma diminuição ou falta da dopamina, os movimentos, por exemplo, são afetados.
A doença não possui cura, mas pode ser tratada tanto para combater os sintomas, como para retardar o seu progresso. “As manifestações sistêmicas da doença acabam levando a uma necessidade de adaptação do paciente com Parkinson para realização de suas atividades diárias e, muitas vezes, em suas relações pessoais e interpessoais”, explica a médica.
Nesse sentido, a musicoterapia surge como uma área de pesquisa em ascensão. “É campo transdisciplinar, com fronteiras difíceis de definir, aplicações variadas, submetido a influências culturais e temporais, ainda em desenvolvimento”, explica Luzia. A pesquisadora ainda aponta que a forte interação entre o sistema auditivo e o sistema motor no ser humano pode explicar os efeitos positivos da música em pacientes com disfunção motora, como aqueles diagnosticados com Doença de Parkinson.
Estudo inicial – Com orientação do professor Philip George Glass, do Departamento de Ciências da Saúde (DCS), a pesquisa foi realizada com uma pequena amostra e intervenções curtas, avaliando apenas efeitos em curto prazo. A maioria dos pacientes participantes foram diagnosticados com Doença de Parkinson de leve a moderada. “Para explorar melhor o tema, são necessários mais ensaios clínicos randomizados contando com musicoterapeuta, maior universo amostral e de tempo de intervenção, avaliando resultados a longo prazo e pacientes com Doença de Parkinson grave”, aponta Luzia.
Nessa sequência, a pesquisadora afirma que um próximo passo seria o estabelecimento de um protocolo específico, capaz de sistematizar o uso da musicoterapia na abordagem terapêutica dessa doença.
Assista aqui: https://youtu.be/R-vKFNgrfG8
Fonte e Foto: Ascom/Uesb